quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Opinião

Brincar é preciso!

Alcimar Antônio de Souza

Nesses dias a minha pequena Maria Rita, uma das paixões da minha vida, contava-me a história infantil dos Três Porquinhos. Do alto da sua ingenuidade surgiu uma interpretação no mínimo curiosa sobre o conto que um dia já colocou muitas crianças para dormir. Segundo ela, o Lobo não é mau, pois apenas queria “fazer amizade” com os Porquinhos. Estes, sim, seriam os vilões da historinha, pois, segundo compreendeu Maria Rita, eles, os Porquinhos, é que não deixavam que o Lobo entrasse na sua casa.

Além dos contos infantis, que sua tia Glória sempre lhe conta, Maria Rita também gosta de brincar com suas bonecas e, se deixar, passa o dia inteiro de frente ao televisor, vendo desenhos animados na TV ou produzidos em DVD´s. De “Dora, Aventureira” a “Moranguinho”, passando pela “Galinha Pintadinha”, já conheço vários personagens, de tão repetitivos na vida dela.

No entanto, diferentemente do que fazíamos antigamente, as brincadeiras infantis e as coisas que realmente deveriam interessar a Maria Rita e a outras crianças de sua tenra idade andam perdendo espaço. A internet e o telefone celular invadiram as nossas vidas de forma tal que, agora, está difícil de obter um necessário recuo.

É claro que buscamos controlar, fiscalizar e até impedir o uso desses equipamentos, de forma imoderada, por nossos pequenos rebentos. A tarefa, porém, não é das mais fáceis, afinal, nascemos e fomos criados noutras épocas, em que no máximo, quando muito, conhecíamos a televisão e o telefone convencional. Os mais “abastados”, quando crescidos, iam ao cinema. Então, não fomos preparados no passado para sermos pais e mães de gerações que vivem num mundo totalmente diferente daquele em que vivemos um dia.

Chegado mais um Dia das Crianças, bateu-me a saudade nostálgica dos tempos em que realmente brincávamos como crianças. Os meninos jogavam futebol em qualquer canto de rua, que logo se transformava num animado campinho; tomavam banho de açude; “roubavam” as carajanas, as mangas e outras frutas de quem, tendo-as, não as quisesse dar; bonecos em miniatura e carrinhos eram engenhosamente inseridos em cenários imaginários de pequenas cidades ou palcos de guerras, nas quais o bem – e somente ele – sempre triunfaria.

Além das bolas de futebol, tão raras naquela época, pedalar uma bicicleta ou subir num jegue mais manso eram também animadas diversões para quem não tinha outra preocupação senão a de ser feliz.

E as “bilas”, quem não lembra? Há anos atrás, qual o menino, quando criança nesse sertão de meu Deus, nunca fez três buracos no chão, ou um triângulo na areia, para jogar com as disputadas bilas, que nos livros infantis da época, produzidos no Centro-Sul do País, eram chamadas de bolas de gude?

Nos tempos mais difíceis, carrinhos e cavalos feitos de ossos de animais já eram suficientes para a nossa alegria. Era brincadeira pura. E, entre uma e outra brincadeira, sempre conversávamos muito, e até brigávamos, como naturalmente brigam as crianças, a quem Deus deu o incrível dom do perdão rápido, da desculpa sincera, da reconciliação natural.

Carrinhos de rolimãs eram instrumento de luxo para as brincadeiras. Garrafas de água sanitária se transformavam em réplicas de roladeiras, aquele equipamento rudimentar utilizado até tempos desses para o transporte de água nas terras áridas do sertão nordestino.

As meninas sempre tiveram nas bonecas as primeiras amigas. E muitas vezes brigavam com as amigas da vida real em função de tais bonecas. Mas, no geral, eram felizes. Brincavam como crianças. Faziam suas casinhas, inventavam de cozinhar, produziam “desfiles de moda”, enfim, brincavam de verdade.

Na calçada da Capela de Nossa Senhora das Graças, no centro de Messias Targino, mesmo após as duras aulas de catecismo de minha mãe, Maria do Junco, havia lugar para as brincadeiras. Uma grande roda se formava, e cantigas como “Terezinha de Jesus”, “Atirei o pau no gato” e o “Cravo e a rosa” eram entoadas com muita naturalidade.

Mas “Terezinha de Jesus” foi “aposentada” para as crianças de hoje, que, via celular, pela internet ou mesmo pelos recantos da cidade, são induzidas a aprender as “letras” do “lek lek” e de várias pornografias musicais que animam as festas.

A propósito, também havia festas só para crianças por essas bandas. Nos carnavais, as tardes de folia, então chamadas de matinês (embora já não fosse manhã), eram dedicadas exclusivamente à criançada, que se divertia de forma genuína. Hoje, em qualquer festa de rua, um sujeito metido a cantor pergunta: “Tem rapariga aí?”, sem ter a preocupação de saber se ali, no local da festa, há ou não crianças, adolescentes, pessoas que, pela idade, ainda carecem de uma formação educacional, social, cultural.

E, para essas crianças e adolescentes, o que começa a aparecer como normal, de tanto ouvirem nos palcos, nos paredões de som ou na internet, é o estímulo ao “novo estilo de vida”, de “cabra desmantelado”, “cachaceiro” e “raparigueiro”, expressões usadas e abusadas em quase todas as letras de gravações que recebem da mídia capitalista o nome de música.

Naquela época, a brincadeira de “Tô no poço” era a mais ousada que tínhamos. E, justamente pela falta de malícia de quem dela participava, nossos pais sequer a repreendiam, pois entendiam que se tratava de mais uma simples brincadeira de crianças que estavam em fase de migração para a adolescência. Aliás, nessa época não existia uma lei dizendo que criança é quem tem até doze anos e adolescente é quem tem de treze a dezoito incompletos. Até nesse aspecto éramos criança mais tempo.

Atualmente, encontrar crianças brincando, como crianças, é praticamente uma exceção. Em geral, vemos nossos pequenos de frente ao computador, ou com os olhos grelados na tela de um celular, ou disputando jogos eletrônicos. Nem o antigo “vídeo game” tem mais espaço em meio a tantas modernidades.

E, sem termos ainda a pedagogia correta para lidar com a situação, ou sem atentarmos para o real perigo que dele decorre, assistimos a uma invasão dos nossos lares pelo fenômeno que é a internet. Amigos, agora, só virtuais! Conversas, agora, só pelas redes e grupos “sociais” virtuais! Conselho? No campo virtual não há espaço para ele.

E, dessa forma, nossos lares vão se transformando em centros coletivos de acesso à internet, onde as conversas de família foram abolidas e as brincadeiras de criança simplesmente perderam importância.

12 de outubro novamente chegou. 12 de outubro novamente nos faz lembrar que no mundo ainda existem crianças. Acordemos. Façamos com que as nossas crianças se comportem como tais. A tecnologia é relevante e até necessária, mas não pode substituir o abraço apertado, a conversa franca, o riso compartilhado do mundo real, a brincadeira sadia e gostosa dos pequeninos.

E, se for presentear o seu filho em mais um Dia das Crianças, sugiro que lhe dê, além de muito carinho, um brinquedo qualquer. Evite agora presentear-lhe com um aparelho de telefone celular ou um equipamento tecnológico de última geração. Do contrário, poderemos num futuro breve não termos mais no calendário o Dia das Crianças. Do contrário, poderemos contribuir para que, num futuro não distante, o tempo de vida considerado como sendo de criança seja ainda mais reduzido.

A todos os pequeninos e pequeninas, feliz Dia das Crianças! Que Deus os abençoe!

Fonte: O Messiense 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dupla Sertaneja Compra o Ônibus Mais Moderno do Brasil por R$ 1 milhão (MARCOPOLO)





quarta-feira, 2 de outubro de 2013

ACIDENTE

Jovem cai de primeiro andar de Escola

Em Messias Targino, a manhã de aulas desta quarta-feira, 2 de outubro, da Escola Estadual Apolinária Jales foi interrompida e marcada por um acidente. Um aluno de quatorze anos de idade caiu da varanda do primeiro andar da referida unidade de ensino.

Socorrido às pressas para o Hospital Paulina Targino, o jovem recebeu os primeiros atendimentos, inclusive para estancar sangramento no rosto, precisamente na região do queixo.

Depois, com sinais de possível fratura noutra parte do corpo, o rapaz foi levado para o Hospital Regional de Caraúbas.

Uma parente do jovem, ouvida pelo Blog, acredita na hipótese de acidente, que parece ser a mais verossímil.
FONTE: O Messiense